A Carta aos Colossenses: A Supremacia e Suficiência de Cristo

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A Carta aos Colossenses: A Supremacia e Suficiência de Cristo

Introdução

A Carta aos Colossenses, escrita pelo apóstolo Paulo, é um poderoso testemunho da supremacia e suficiência de Cristo em todas as coisas. 

Endereçada à igreja em Colossos, uma cidade da Ásia Menor, esta epístola combate heresias que ameaçavam a pureza da fé cristã, exortando os fiéis a manterem-se firmes em Cristo como o centro de sua fé e vida. 

Neste artigo, exploraremos as principais partes da Carta aos Colossenses, para oferecer uma visão abrangente deste importante texto.

Saudação e Ação de Graças (Colossenses 1,1-14)

Paulo inicia a carta com uma saudação típica, destacando-se como apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, junto com Timóteo: 

"Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo" (Colossenses 1,1). 

Ele expressa sua gratidão a Deus pelos colossenses, lembrando-se deles em suas orações e agradecendo pela fé que têm em Cristo Jesus e pelo amor que demonstram a todos os santos: 

"Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós" (Colossenses 1,3-4). 

Paulo ora para que sejam cheios do conhecimento da vontade de Deus, em toda sabedoria e inteligência espiritual: 

"Por esta razão, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual" (Colossenses 1,9).

A Supremacia de Cristo (Colossenses 1,15-20)

Paulo apresenta uma exaltação poética de Cristo, destacando sua preeminência em toda a criação. 

Cristo é descrito como a imagem do Deus invisível e o primogênito de toda a criação: "Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação" (Colossenses 1,15). 

Ele explica que todas as coisas foram criadas por meio de Cristo e para Cristo, tanto no céu quanto na terra: 

"Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele" (Colossenses 1,16). 

Paulo destaca que Cristo é o cabeça do corpo, que é a igreja, e que agradou ao Pai que toda a plenitude habitasse nele: 

"E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência" (Colossenses 1,18).

Reconciliação por Meio de Cristo (Colossenses 1,21-23)

Paulo aborda a reconciliação que Cristo realizou através de sua morte, transformando os colossenses, que antes estavam alienados e eram inimigos em suas mentes por causa das más obras: 

"A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou" (Colossenses 1,21). 

Esta reconciliação foi feita pelo corpo de Cristo através da morte, para apresentar os colossenses santos, irrepreensíveis e inculpáveis diante de Deus: 

"No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis" (Colossenses 1,22). 

Paulo exorta os colossenses a permanecerem firmes na fé, sem se desviarem da esperança do evangelho que ouviram: 

"Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que ouvistes, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro" (Colossenses 1,23).

O Ministério de Paulo (Colossenses 1,24-29)

Paulo descreve seu ministério e seu sofrimento em prol dos colossenses e de todas as igrejas, afirmando que se alegra em seus sofrimentos por eles: 

"Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja" (Colossenses 1,24). 

Ele fala sobre o mistério que esteve oculto desde os séculos e gerações, mas agora foi manifesto aos santos: 

"O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos" (Colossenses 1,26). 

Paulo trabalha arduamente, lutando segundo a eficácia de Cristo que opera poderosamente nele, para apresentar todo homem perfeito em Cristo Jesus: 

"Para o qual também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente" (Colossenses 1,29).

Advertência Contra as Heresias (Colossenses 2,1-8)

Paulo expressa seu desejo de que os colossenses e os de Laodiceia sejam fortalecidos em seus corações, unidos no amor, para que possam alcançar todas as riquezas da plena certeza do entendimento, para o pleno conhecimento do mistério de Deus, Cristo: 

"Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e em toda a riqueza da plena certeza do entendimento, para o conhecimento do mistério de Deus, Cristo" (Colossenses 2,2). 

Ele alerta contra os enganos de falsas filosofias e tradições humanas, exortando-os a permanecerem firmes na fé que receberam: 

"Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Colossenses 2,8). 

Paulo enfatiza que em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade: "Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Colossenses 2,9).

A Plenitude em Cristo (Colossenses 2,9-15)

Paulo reforça que os colossenses estão completos em Cristo, que é o cabeça de todo principado e potestade: "E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo principado e potestade" (Colossenses 2,10). 

Ele explica que, através de Cristo, eles foram circuncidados com uma circuncisão não feita por mãos, mas pela remoção do corpo da carne, pela circuncisão de Cristo: 

"No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mãos, no despojo do corpo da carne, a saber, a circuncisão de Cristo" (Colossenses 2,11). 

Paulo descreve como foram sepultados com Cristo no batismo e ressuscitaram com ele pela fé no poder de Deus: 

"Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos" (Colossenses 2,12).

Liberdade em Cristo (Colossenses 2,16-23)

Paulo adverte os colossenses a não se deixarem julgar por ninguém em questões de comida e bebida, ou em relação a dias festivos, lua nova ou sábados, que são sombra das coisas que haviam de vir, mas o corpo é de Cristo: 

"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados" (Colossenses 2,16). 

Ele alerta contra o culto dos anjos e as falsas humildades, que desviam do verdadeiro foco em Cristo: 

"Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão" (Colossenses 2,18). 

Paulo enfatiza que as regras e regulamentos humanos, embora tenham aparência de sabedoria, não têm valor algum contra a indulgência da carne: 

"As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne" (Colossenses 2,23).

A Vida Nova em Cristo (Colossenses 3,1-4)

Paulo exorta os colossenses a buscarem as coisas do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, e a pensarem nas coisas do alto, não nas que são da terra: 

"Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus" (Colossenses 3,1). 

Ele lembra que a vida deles está escondida com Cristo em Deus e que, quando Cristo, que é a vida deles, se manifestar, eles também se manifestarão com ele em glória: 

"Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus" (Colossenses 3,3-4). 

Essa nova perspectiva deve moldar todas as suas ações e pensamentos, refletindo a realidade celestial em suas vidas diárias.

Despojando-se do Velho Homem (Colossenses 3,5-11)

Paulo exorta os colossenses a mortificarem os membros terrenos, abandonando práticas pecaminosas como a fornicação, a impureza, a paixão, o desejo mau e a avareza, que é idolatria: 

"Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, a paixão, o desejo mau e a avareza, que é idolatria" (Colossenses 3,5). 

Ele adverte que a ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência por causa dessas coisas: "Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência" (Colossenses 3,6). 

Paulo incentiva-os a despojarem-se do velho homem com suas práticas e a revestirem-se do novo homem, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou: 

"E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Colossenses 3,10).

Revestindo-se do Novo Homem (Colossenses 3,12-17)

Paulo instrui os colossenses a se revestirem como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, benignidade, humildade, mansidão e longanimidade: 

"Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão e longanimidade" (Colossenses 3,12). 

Ele enfatiza a importância de suportarem-se uns aos outros e perdoarem-se mutuamente, assim como Cristo os perdoou: 

"Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também" (Colossenses 3,13). 

Acima de tudo, Paulo exorta-os a revestirem-se de amor, que é o vínculo da perfeição, e a deixarem a paz de Cristo reinar em seus corações: 

"E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição" (Colossenses 3,14).

Instruções para a Vida Cristã (Colossenses 3,18-25)

Paulo dá instruções específicas para diferentes grupos dentro da comunidade cristã, começando pelas esposas, exortando-as a serem submissas a seus maridos, como convém no Senhor: 

"Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor" (Colossenses 3,18). 

Ele instrui os maridos a amarem suas esposas e a não serem amargos com elas: "Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não vos irriteis contra elas" (Colossenses 3,19). 

Paulo também exorta os filhos a obedecerem a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor: "Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor" (Colossenses 3,20). 

Essas instruções refletem a ordem e a harmonia que devem caracterizar a vida cristã.

Relações Entre Servos e Senhores (Colossenses 3,22-25; 4,1)

Paulo continua suas instruções abordando a relação entre servos e senhores. 

Ele exorta os servos a obedecerem em tudo a seus senhores segundo a carne, não servindo apenas quando observados, mas com sinceridade de coração, temendo ao Senhor: 

"Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus" (Colossenses 3,22). 

Paulo lembra-os de que receberão do Senhor a recompensa da herança, pois servem a Cristo, o Senhor: 

"Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis" (Colossenses 3,24). 

Ele instrui os senhores a tratarem seus servos com justiça e equidade, sabendo que também têm um Senhor no céu: 

"Vós, senhores, fazei o que for de justiça e equidade aos vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus" (Colossenses 4,1).

Perseverança na Oração (Colossenses 4,2-4)

Paulo exorta os colossenses a perseverarem na oração, vigiando com ação de graças: "Perseverai em oração, velando nela com ação de graças" (Colossenses 4,2). 

Ele pede que orem também por ele e seus companheiros, para que Deus lhes abra uma porta para a palavra, a fim de falarem do mistério de Cristo, pelo qual ele está preso: 

"Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso" (Colossenses 4,3). 

Paulo deseja que possa manifestar esse mistério, como deve falar: "Para que o manifeste, como me convém falar" (Colossenses 4,4). 

A oração é fundamental na vida cristã, sustentando os crentes e a missão evangelizadora.

Sabedoria no Testemunho (Colossenses 4,5-6)

Paulo aconselha os colossenses a agirem com sabedoria para com os que estão fora, aproveitando bem cada oportunidade: 

"Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo" (Colossenses 4,5). 

Ele enfatiza a importância de que a palavra deles seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibam como responder a cada um: 

"A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um" (Colossenses 4,6). 

Essas orientações destacam a necessidade de um testemunho cristão eficaz, que seja atraente e convincente, refletindo a verdade do evangelho de maneira clara e amorosa.

Saudação e Bênção Final (Colossenses 4,7-18)

Paulo encerra a carta com saudações e instruções pessoais. Ele menciona Tíquico, o amado irmão e fiel ministro, que lhes informará sobre todas as suas situações: 

"Tíquico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos fará saber o meu estado" (Colossenses 4,7). 

Paulo também menciona Onésimo, o fiel e amado irmão, que é um dos colossenses e lhes contará tudo o que está acontecendo: 

"Com Onésimo, amado e fiel irmão, que é dos vossos; eles vos farão saber tudo o que por aqui se passa" (Colossenses 4,9). 

Ele envia saudações de outros colaboradores e instrui que a carta seja lida também na igreja de Laodiceia: 

"E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a dos de Laodiceia lede-a vós também" (Colossenses 4,16). 

Paulo termina com uma bênção, pedindo que a graça esteja com os colossenses: "A graça esteja com vós. Amém" (Colossenses 4,18).

Conclusão

A Carta aos Colossenses é uma profunda exortação à centralidade de Cristo na vida cristã. 

Paulo combate heresias e falsas doutrinas, reforçando a supremacia e suficiência de Cristo em todas as coisas. 

Ele exorta os colossenses a buscarem as coisas do alto, a despojarem-se do velho homem e a revestirem-se do novo, vivendo em amor, humildade e unidade. 

As instruções práticas de Paulo sobre as relações familiares e sociais, a perseverança na oração e o testemunho cristão refletem a transformação que Cristo opera na vida dos crentes. 

Que esta carta inspire todos os cristãos a permanecerem firmes em Cristo, vivendo de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo.

Referências Católicas

  1. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
  2. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
  3. Concílio Vaticano II: Constituição Dogmática sobre a Igreja - Lumen Gentium.

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