A Carta aos Filipenses: Alegria e Unidade em Cristo


A Carta aos Filipenses: Alegria e Unidade em Cristo

Introdução

A Carta aos Filipenses, escrita pelo apóstolo Paulo, é uma epístola cheia de alegria, gratidão e exortações à unidade e humildade em Cristo. 

Dirigida à igreja de Filipos, uma das primeiras comunidades cristãs da Europa, essa carta destaca-se pela sua ênfase na alegria cristã, mesmo em meio às adversidades, e na importância da união e serviço entre os crentes. 

Neste artigo, exploraremos as principais partes da Carta aos Filipenses, para oferecer uma visão abrangente desta importante obra.

Saudação e Ação de Graças (Filipenses 1,1-11)

Paulo inicia a carta com uma saudação típica, destacando sua ligação com Timóteo e endereçando-se aos santos em Cristo Jesus que estão em Filipos: 

"Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos" (Filipenses 1,1). 

Ele expressa sua gratidão a Deus por todos os filipenses, lembrando-se deles em suas orações com alegria: 

"Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre, com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas" (Filipenses 1,3-4). 

Paulo ora para que o amor deles aumente cada vez mais em conhecimento e discernimento: "E peço isto: que o vosso amor cresça cada vez mais em ciência e em todo o conhecimento" (Filipenses 1,9).

O Progresso do Evangelho (Filipenses 1,12-18)

Paulo informa aos filipenses que suas prisões têm contribuído para o progresso do evangelho, pois se tornaram conhecidas em todo o pretório e entre todos os demais: 

"E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho" (Filipenses 1,12). 

Ele menciona que muitos irmãos, encorajados pelas suas cadeias, ousam falar a palavra de Deus com mais confiança e sem medo: 

"E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor" (Filipenses 1,14). 

Paulo afirma que, seja por inveja ou por boa vontade, Cristo está sendo pregado, e por isso se alegra: 

"Mas que importa? Contanto que Cristo, de toda maneira, seja anunciado, ou com fingimento ou em verdade, nisso me regozijo, e me regozijarei ainda" (Filipenses 1,18).

Viver é Cristo, Morrer é Lucro (Filipenses 1,19-26)

Paulo reflete sobre sua situação, afirmando que espera e confia na libertação pela oração dos filipenses e pela ajuda do Espírito de Jesus Cristo: 

"Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo" (Filipenses 1,19). 

Ele declara que, para ele, o viver é Cristo e o morrer é lucro, expressando seu desejo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor: "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho" (Filipenses 1,21). 

No entanto, reconhece a necessidade de permanecer na carne por causa dos filipenses: "Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher" (Filipenses 1,22).

Exortação à Unidade e Humildade (Filipenses 1,27-2,4)

Paulo exorta os filipenses a viverem de maneira digna do evangelho de Cristo, permanecendo firmes em um só espírito, lutando juntos pela fé do evangelho: 

"Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho" (Filipenses 1,27). 

Ele os incentiva a terem o mesmo sentimento, o mesmo amor, sendo unidos de alma e mente: 

"Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa" (Filipenses 2,2). 

Paulo chama os filipenses a agirem sem egoísmo ou vanglória, mas com humildade, considerando os outros superiores a si mesmos: 

"Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo" (Filipenses 2,3).

O Exemplo de Cristo (Filipenses 2,5-11)

Paulo apresenta Cristo como o supremo exemplo de humildade e obediência, exortando os filipenses a terem em si mesmos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus: 

"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus" (Filipenses 2,5). 

Ele descreve como Cristo, sendo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo: 

"Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo" (Filipenses 2,6-7). 

Por isso, Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que está acima de todo nome: 

"Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo nome" (Filipenses 2,9).

Brilhar como Estrelas (Filipenses 2,12-18)

Paulo exorta os filipenses a desenvolverem a sua salvação com temor e tremor, lembrando-os de que é Deus quem opera neles tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade: 

"Assim, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor" (Filipenses 2,12). 

Ele os encoraja a fazerem tudo sem murmurações nem contendas, para que sejam irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida, na qual resplandecem como astros no mundo: 

"Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo" (Filipenses 2,15). 

Paulo expressa sua alegria em sacrificar-se pelos filipenses e exorta-os a se alegrarem e regozijarem-se com ele: 

"E ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós" (Filipenses 2,17).

Timóteo e Epafrodito (Filipenses 2,19-30)

Paulo fala de sua esperança de enviar Timóteo em breve aos filipenses, elogiando-o como alguém que genuinamente se preocupa pelo bem-estar deles: 

"Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo brevemente, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios" (Filipenses 2,19). 

Ele destaca a fidelidade de Timóteo, que tem servido com ele no evangelho como um filho ao pai: 

"Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai" (Filipenses 2,22). 

Paulo também menciona Epafrodito, enviado pelos filipenses para assisti-lo em suas necessidades, que ficou doente e quase morreu, mas foi poupado por Deus: 

"Porque ele tinha muita saudade de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente" (Filipenses 2,26-27).

A Justiça pela Fé em Cristo (Filipenses 3,1-11)

Paulo alerta os filipenses contra os falsos mestres, exortando-os a se alegrarem no Senhor e a se guardarem dos "maus obreiros" e "cães": 

"Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão" (Filipenses 3,2). 

Ele compartilha seu testemunho pessoal, descrevendo como considerava tudo como perda por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, seu Senhor: 

"Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo" (Filipenses 3,7). 

Paulo deseja ser encontrado em Cristo, não tendo justiça própria que vem da Lei, mas a justiça que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus pela fé: 

"E ser achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé" (Filipenses 3,9).

A Busca pelo Alvo (Filipenses 3,12-16)

Paulo reconhece que ainda não alcançou o alvo, mas prossegue para conquistar aquilo para o que também foi conquistado por Cristo Jesus: 

"Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus" (Filipenses 3,12). 

Ele exorta os filipenses a esquecerem-se das coisas que ficam para trás e a avançarem para as que estão diante, prosseguindo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus: 

"Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Filipenses 3,13-14). 

Paulo incentiva todos os que são perfeitos a terem este mesmo sentimento e, se em alguma coisa pensam de outra maneira, Deus revelará isso também: 

"Pelo que todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará" (Filipenses 3,15).

Cidadania Celestial (Filipenses 3,17-21)

Paulo chama os filipenses a serem seus imitadores e a observarem aqueles que andam conforme o exemplo que ele deu: 

"Irmãos, sede meus imitadores, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam" (Filipenses 3,17). 

Ele lamenta que muitos andam como inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição, cujo deus é o ventre e cuja glória é a sua vergonha: 

"Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo" (Filipenses 3,18). 

Paulo lembra aos filipenses que a nossa cidadania está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo: 

"Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filipenses 3,20).

Exortações Finais e Ações de Graças (Filipenses 4,1-9)

Paulo exorta os filipenses a permanecerem firmes no Senhor, apelando pessoalmente a Evódia e Síntique para que vivam em harmonia no Senhor: 

"Portanto, meus amados e muito queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados" (Filipenses 4,1). 

Ele pede ao seu fiel companheiro que ajude essas mulheres que lutaram ao seu lado no evangelho: 

"E rogo-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho" (Filipenses 4,3). 

Paulo exorta os filipenses a se alegrarem sempre no Senhor e a não se inquietarem com nada, mas a apresentarem seus pedidos a Deus com oração e súplica, com ação de graças: 

"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos" (Filipenses 4,4-6).

Contentamento e Força em Cristo (Filipenses 4,10-13)

Paulo expressa sua alegria pelo cuidado renovado dos filipenses para com ele, ainda que sempre tivessem essa intenção, mas lhes faltava oportunidade: 

"Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim, visto que já vos tínheis lembrado, mas vos faltava oportunidade" (Filipenses 4,10). 

Ele declara que aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação, tanto na fartura como na fome, tanto na abundância como na necessidade: 

"Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho" (Filipenses 4,11-12). 

Paulo afirma que pode todas as coisas naquele que o fortalece: "Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece" (Filipenses 4,13).

A Generosidade dos Filipenses (Filipenses 4,14-20)

Paulo elogia os filipenses por sua generosidade, lembrando como eles foram os únicos a compartilhar com ele no início do evangelho, enviando-lhe ajuda tanto em Tessalônica quanto em outras ocasiões: 

"Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição" (Filipenses 4,14). 

Ele reconhece que não busca ofertas, mas o fruto que aumente o crédito deles: 

"Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta" (Filipenses 4,17). 

Paulo expressa sua gratidão pelas ofertas recebidas de Epafrodito, que ele descreve como um sacrifício de aroma suave, aceitável e aprazível a Deus: 

"Recebi tudo, e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade, e sacrifício aceitável e aprazível a Deus" (Filipenses 4,18).

Bênção Final e Saudações (Filipenses 4,21-23)

Paulo encerra a carta enviando saudações a todos os santos em Cristo Jesus, com uma saudação especial dos irmãos que estão com ele: 

"Saudai a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam" (Filipenses 4,21). 

Ele menciona que todos os santos, especialmente os da casa de César, enviam saudações: "Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César" (Filipenses 4,22). 

Paulo termina com uma bênção de graça para todos os filipenses, desejando que a graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito deles: 

"A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém" (Filipenses 4,23).

Conclusão

A Carta aos Filipenses é um tesouro de alegria, unidade e encorajamento para todos os cristãos. Paulo, mesmo em meio a prisões e adversidades, demonstra uma alegria inabalável e uma confiança profunda no Senhor. 

Ele exorta os filipenses a viverem em unidade, humildade e alegria, seguindo o exemplo de Cristo e permanecendo firmes na fé. 

As instruções práticas de Paulo, suas reflexões pessoais e sua gratidão pela generosidade dos filipenses oferecem lições valiosas para a vida cristã. 

Que possamos aplicar esses ensinamentos em nossas vidas, buscando sempre a alegria e a unidade em Cristo, confiando em sua força para enfrentar todas as circunstâncias.

Referências Católicas

  1. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
  2. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
  3. Concílio Vaticano II: Constituição Dogmática sobre a Igreja - Lumen Gentium.

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