A Carta de II Coríntios: Reconciliação e Defesa do Apostolado


A Carta de II Coríntios: Reconciliação e Defesa do Apostolado

Introdução

A Segunda Carta aos Coríntios, escrita pelo apóstolo Paulo, é uma epístola rica em emoção e profundidade teológica. 

Ela aborda temas como a reconciliação, o sofrimento, a defesa do apostolado de Paulo e a generosidade. 

Esta carta oferece um vislumbre íntimo do coração pastoral de Paulo, enquanto ele lida com desafios na igreja de Corinto. 

Em quinze parágrafos, exploraremos as principais partes desta carta, destacando suas implicações teológicas e práticas para a vida cristã.

Saudação e Consolação em Meio ao Sofrimento (2 Coríntios 1,1-11)

Paulo inicia sua carta com uma saudação calorosa, lembrando que Deus é o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação: 

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda a consolação" (2 Coríntios 1,3). 

Ele compartilha suas próprias aflições e como Deus o consolou, para que ele pudesse consolar outros: 

"Quem nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação" (2 Coríntios 1,4). 

Paulo destaca a importância da oração coletiva, pedindo aos coríntios que orem por ele: "Vós nos ajudando também com orações por nós" (2 Coríntios 1,11).

Sinceridade e Integridade (2 Coríntios 1,12-24)

Paulo defende sua sinceridade e integridade ao lidar com os coríntios, afirmando que sua conduta foi sempre transparente: 

"Pois a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e mais abundantemente convosco" (2 Coríntios 1,12). 

Ele explica sua mudança de planos em relação à visita a Corinto, assegurando que suas decisões são guiadas por Deus: "E, como Deus é fiel, a nossa palavra a vós não foi sim e não" (2 Coríntios 1,18). 

Paulo enfatiza que Jesus Cristo é a garantia das promessas de Deus: "Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; por isso também por ele é o amém para glória de Deus por nosso intermédio" (2 Coríntios 1,20).

O Perdão e a Reconciliação (2 Coríntios 2,1-11)

Paulo aborda o tema do perdão, encorajando os coríntios a perdoarem e confortarem aquele que causou dor, para que ele não seja consumido por demasiada tristeza: 

"Pelo contrário, deveis, antes, perdoar-lhe e consolá-lo, para que não seja consumido por excessiva tristeza" (2 Coríntios 2,7). 

Ele reafirma a importância do perdão, lembrando que eles não são ignorantes dos esquemas de Satanás: "Para que não sejamos vencidos por Satanás; porque não ignoramos os seus ardis" (2 Coríntios 2,11). 

Paulo também menciona sua própria angústia e lágrimas ao escrever aos coríntios, demonstrando seu profundo amor por eles: 

"Porque em muita tribulação e angústia de coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que fôsseis contristados, mas para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho" (2 Coríntios 2,4).

O Ministério da Nova Aliança (2 Coríntios 3,1-18)

Paulo fala sobre o ministério da nova aliança, contrastando-o com a antiga aliança da lei: 

"A nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, mas o Espírito vivifica" (2 Coríntios 3,5-6). 

Ele descreve a glória transcendental da nova aliança, que é permanente e não transitória: 

"Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça" (2 Coríntios 3,9). 

Paulo conclui que, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade, e nós somos transformados de glória em glória: 

"Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Coríntios 3,18).

Tesouros em Vasos de Barro (2 Coríntios 4,1-18)

Paulo enfatiza que o poder de Deus é manifestado em nossa fraqueza, comparando-nos a vasos de barro que contêm um tesouro: 

"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós" (2 Coríntios 4,7). 

Ele descreve as tribulações que enfrenta, mas também a esperança e a fé que o sustentam: "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados" (2 Coríntios 4,8). 

Paulo conclui que, embora o nosso homem exterior se desgaste, o interior se renova dia a dia, e que as aflições são leves e momentâneas em comparação com a glória eterna: 

"Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente" (2 Coríntios 4,17).

A Esperança da Ressurreição (2 Coríntios 5,1-10)

Paulo fala sobre a esperança da ressurreição, comparando nosso corpo terreno a uma tenda temporária e nosso corpo celestial a uma casa eterna: 

"Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus" (2 Coríntios 5,1). 

Ele expressa seu desejo de ser revestido com o corpo celestial e viver na presença do Senhor: 

"Desejamos, não ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida" (2 Coríntios 5,4). 

Paulo reafirma que todos comparecerão perante o tribunal de Cristo para receber o que for devido pelas coisas feitas no corpo: 

"Porque todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo" (2 Coríntios 5,10).

A Nova Criação em Cristo (2 Coríntios 5,11-21)

Paulo proclama a reconciliação através de Cristo, afirmando que, se alguém está em Cristo, é uma nova criação: 

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Coríntios 5,17). 

Ele destaca que Deus nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação: 

"E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação" (2 Coríntios 5,18). 

Paulo conclui que somos embaixadores de Cristo, implorando aos coríntios que se reconciliem com Deus: 

"De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo... rogamo-vos que vos reconcilieis com Deus" (2 Coríntios 5,20).

A Sinceridade do Ministério de Paulo (2 Coríntios 6,1-13)

Paulo apela aos coríntios para que não recebam a graça de Deus em vão, lembrando-os do tempo da salvação: "Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação" (2 Coríntios 6,2). 

Ele descreve as provações e dificuldades que enfrenta como ministro de Deus, mas também a sinceridade e dedicação do seu ministério: 

"Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias" (2 Coríntios 6,4). 

Paulo expressa seu afeto pelos coríntios, pedindo-lhes que abram seus corações para ele: "A nossa boca está aberta para vós, ó coríntios, o nosso coração está dilatado" (2 Coríntios 6,11).

A Separação do Mal e a Santidade (2 Coríntios 6,14-7,1)

Paulo exorta os coríntios a não se colocarem em jugo desigual com os incrédulos, enfatizando a necessidade de separação do mal: 

"Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça?" (2 Coríntios 6,14). 

Ele lembra que os crentes são o templo do Deus vivo e que Deus habita entre eles: "Vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Habitarei neles, e entre eles andarei" (2 Coríntios 6,16). 

Paulo conclui com um apelo à santidade, exortando os coríntios a purificarem-se de toda impureza: 

"Purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2 Coríntios 7,1).

A Alegria de Paulo pela Arrependimento dos Coríntios (2 Coríntios 7,2-16)

Paulo expressa sua alegria pelo arrependimento dos coríntios, reconhecendo a tristeza segundo Deus que produziu arrependimento: 

"Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para o arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus" (2 Coríntios 7,9). 

Ele destaca a transformação que o arrependimento genuíno trouxe aos coríntios: "Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que segundo Deus fostes contristados" (2 Coríntios 7,11). 

Paulo afirma sua confiança nos coríntios e expressa seu regozijo por sua obediência: "Tenho confiança em vós em tudo" (2 Coríntios 7,16).

A Generosidade Cristã (2 Coríntios 8,1-15)

Paulo encoraja os coríntios a contribuírem generosamente para a coleta em favor dos santos em Jerusalém, usando o exemplo das igrejas da Macedônia: 

"Conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis" (2 Coríntios 8,9). 

Ele destaca a importância de dar de boa vontade e conforme as possibilidades: "Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem" (2 Coríntios 8,12). 

Paulo enfatiza a igualdade que deve existir entre os crentes, para que haja um equilíbrio: "Para que haja igualdade" (2 Coríntios 8,14).

A Preparação para a Coleta (2 Coríntios 9,1-15)

Paulo continua a discutir a coleta, assegurando que a generosidade dos coríntios resultará em ações de graças a Deus: 

"Porque o ministério desta prestação de serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas graças que se dão a Deus" (2 Coríntios 9,12). 

Ele menciona que Deus ama a quem dá com alegria: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria" (2 Coríntios 9,7). 

Paulo conclui que a generosidade resultará em maior reconhecimento da graça de Deus: "Graças a Deus pelo seu dom inefável" (2 Coríntios 9,15).

A Defesa do Apostolado de Paulo (2 Coríntios 10,1-18)

Paulo defende seu apostolado, enfatizando que as armas da sua guerra não são carnais, mas poderosas em Deus: 

"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas" (2 Coríntios 10,4). 

Ele afirma que sua autoridade é dada por Deus para edificação e não para destruição: "Porque, ainda que me glorie mais alguma coisa do nosso poder... não me envergonharei" (2 Coríntios 10,8). 

Paulo conclui destacando que a aprovação que importa é a do Senhor: "Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva" (2 Coríntios 10,18).

As Provações e Visões de Paulo (2 Coríntios 11,1-12,10)

Paulo detalha as inúmeras provações que enfrentou em seu ministério, como prisões, açoites e perigos: "Em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais" (2 Coríntios 11,23). 

Ele também fala de uma visão celestial que teve, mas destaca a importância da humildade: "Para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne" (2 Coríntios 12,7). 

Paulo conclui que a graça de Deus é suficiente, pois o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12,9).

A Preocupação de Paulo pela Igreja (2 Coríntios 12,11-21)

Paulo expressa sua preocupação com a igreja de Corinto, temendo que, ao visitá-los, encontre divisões e desordens: 

"Porque temo que, quando chegar, não vos ache como eu quereria, e eu seja achado de vós como não quereríeis" (2 Coríntios 12,20). 

Ele reafirma seu amor e zelo pelos coríntios, mesmo diante de suas fraquezas e ofensas: "Porventura vos ofendi porque, vos amando muito, não fui pesado para vós?" (2 Coríntios 12,15). 

Paulo pede que os coríntios se examinem a si mesmos para ver se estão na fé, desejando que eles façam o que é certo: "Examinai-vos a vós mesmos, se estais na fé; provai-vos a vós mesmos" (2 Coríntios 13,5).

Conclusão e Bênção Final (2 Coríntios 13,1-13)

Paulo encerra a carta com exortações à perfeição, consolo mútuo e unidade: "Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede de um mesmo parecer, vivei em paz" (2 Coríntios 13,11). 

Ele oferece uma bênção final, invocando a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo: 

"A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2 Coríntios 13,13). 

Esta conclusão reafirma a centralidade da Trindade na vida cristã e a necessidade de viver em harmonia e amor.

Referências Católicas

  1. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
  2. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
  3. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Documentos da CNBB. Brasília: Edições CNBB, 1992.

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