A Carta a Tito: Orientações para a Vida Cristã e a Liderança na Igreja

Pintura de um homem sentado a mesa com papel e caneta e junto a si outros homens

Introdução

A Carta a Tito, uma das epístolas pastorais do apóstolo Paulo, é um guia conciso e poderoso para a vida cristã e a organização eclesiástica. 

Dirigida a Tito, um colaborador de confiança de Paulo, esta carta fornece instruções claras sobre a nomeação de líderes na igreja, a conduta dos membros e a importância da sã doutrina. 

Paulo enfatiza a necessidade de viver de acordo com a fé cristã, destacando a graça de Deus que se manifestou para a salvação de todos os homens. 

Neste artigo, exploraremos as principais partes desta epístola.

Saudação e Missão de Tito (Tito 1,1-4)

Paulo inicia a carta com uma saudação, apresentando-se como servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, enviado para promover a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade que conduz à piedade: 

"Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade que conduz à piedade" (Tito 1,1). 

Ele saúda Tito, seu verdadeiro filho na fé comum, desejando-lhe graça e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus: 

"A Tito, meu verdadeiro filho segundo a fé comum: graça e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador" (Tito 1,4). 

Paulo estabelece o objetivo da carta: instruir Tito a colocar em ordem o que restava fazer e a nomear presbíteros em cada cidade, conforme instruções específicas.

Critérios para a Escolha de Presbíteros (Tito 1,5-9)

Paulo fornece diretrizes detalhadas para a escolha de presbíteros, enfatizando a importância de um caráter irrepreensível e uma vida exemplar: 

"Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem o que ainda resta, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei" (Tito 1,5). 

Ele especifica que o presbítero deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes, não acusados de dissolução nem insubmissos: 

"Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem insubordinação" (Tito 1,6). 

Além disso, o presbítero deve ser hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo, piedoso e moderado, apegando-se à palavra fiel conforme a doutrina: 

"Mas, mostrando-se em tudo como exemplo de boas obras, na doutrina, mostrando integridade, gravidade" (Tito 2,7).

Contra os Falsos Mestres (Tito 1,10-16)

Paulo adverte Tito sobre a presença de muitos desordeiros, faladores vãos e enganadores, especialmente os da circuncisão, que devem ser silenciados: 

"Porque há muitos desordeiros, faladores vãos e enganadores, especialmente os da circuncisão" (Tito 1,10). 

Esses falsos mestres subvertem famílias inteiras, ensinando o que não devem por ganância: 

"Os quais transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância" (Tito 1,11). 

Paulo instrui Tito a repreendê-los severamente para que sejam sãos na fé e não se ocupem com fábulas judaicas e mandamentos de homens que se desviam da verdade: 

"Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé" (Tito 1,13).

Instruções para Diversos Grupos na Igreja (Tito 2,1-10)

Paulo dá orientações específicas para diferentes grupos dentro da igreja, começando com os idosos, que devem ser temperantes, dignos, sensatos e sãos na fé, no amor e na perseverança: 

"Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina: que os velhos sejam sóbrios, graves, prudentes, sãos na fé, na caridade, na paciência" (Tito 2,1-2). 

As mulheres idosas são exortadas a serem reverentes em sua conduta, não caluniadoras, não escravas de muito vinho, ensinando o bem: 

"As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem" (Tito 2,3). 

Os jovens são incentivados a serem sensatos e a serem exemplos de boas obras, com integridade na doutrina: "Exorta semelhantemente os moços a que sejam moderados" (Tito 2,6).

A Graça de Deus e a Vida Cristã (Tito 2,11-14)

Paulo enfatiza a importância da graça de Deus, que se manifestou para a salvação de todos os homens, ensinando-nos a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, e a viver de forma sensata, justa e piedosa: 

"Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens" (Tito 2,11). 

Ele destaca a esperança bem-aventurada e a manifestação da glória do grande Deus e Salvador, Jesus Cristo: "Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo" (Tito 2,13). 

Jesus se entregou por nós para nos redimir de toda iniquidade e purificar para si um povo especial, zeloso de boas obras: 

"O qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tito 2,14).

Exortações à Obediência e à Bondade (Tito 3,1-2)

Paulo continua com exortações para que os cristãos estejam sujeitos às autoridades, sejam obedientes e estejam prontos para toda boa obra: 

"Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, que estejam preparados para toda boa obra" (Tito 3,1). 

Ele instrui a que não falem mal de ninguém, sejam pacíficos, amáveis e mostrem toda a mansidão para com todos os homens: 

"A ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens" (Tito 3,2). 

Paulo lembra que todos nós éramos outrora insensatos, desobedientes, extraviados, escravos de várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, detestáveis e odiando-nos uns aos outros: 

"Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros" (Tito 3,3).

A Bondade e o Amor de Deus (Tito 3,4-7)

Paulo descreve a bondade e o amor de Deus que se manifestaram na salvação, não por obras de justiça que tivéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo: 

"Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tito 3,4-5). 

O Espírito Santo foi derramado abundantemente por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que, justificados pela graça, nos tornemos herdeiros na esperança da vida eterna: 

"Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador" (Tito 3,6). 

A firmeza desta palavra é destacada, para que os crentes possam dedicar-se a boas obras, sendo essas boas e proveitosas para os homens: 

"Fiel é esta palavra, e quero que a proclames com firmeza, para que aqueles que creem em Deus se empenhem em boas obras" (Tito 3,8).

Evitar Controvérsias e Heresias (Tito 3,9-11)

Paulo aconselha Tito a evitar discussões tolas, genealogias, contendas e debates sobre a lei, pois são inúteis e fúteis: 

"Mas não entres em questões loucas, genealogias, e contendas, e debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs" (Tito 3,9). 

Ele instrui a rejeitar um homem faccioso depois de admoestá-lo uma ou duas vezes, sabendo que tal pessoa está pervertida e, pecando, se condena a si mesma: 

"Ao homem faccioso, depois de uma e outra admoestação, evita-o" (Tito 3,10). 

Paulo enfatiza a importância de manter a unidade e evitar divisões dentro da comunidade cristã, sendo cuidadosos em preservar a pureza da fé e a prática correta: 

"Sabendo que o tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado" (Tito 3,11).

Instruções Finais e Saudação (Tito 3,12-15)

Na parte final da carta, Paulo dá instruções pessoais a Tito, solicitando que se encontre com ele em Nicópolis, onde decidiu passar o inverno: 

"Quando te enviar Ártemas, ou Tíquico, apressa-te a vir ter comigo a Nicópolis; porque deliberei aí passar o inverno" (Tito 3,12). 

Ele pede que Tito ajude Zenas, o jurista, e Apolo a continuarem a sua jornada, garantindo que não lhes falte nada: 

"A Zenas, doutor da lei, e a Apolo, encaminha-os com diligência, para que nada lhes falte" (Tito 3,13). 

Paulo encerra a carta com saudações a todos os que amam a fé, desejando-lhes a graça de Deus: 

"Todos os que estão comigo te saúdam. Saúda os que nos amam na fé. A graça seja com todos vós" (Tito 3,15).

Conclusão

A Carta a Tito é uma exortação clara e prática para a organização e condução da igreja, a vida cristã e a defesa da sã doutrina. 

Paulo enfatiza a importância de líderes qualificados, a necessidade de uma vida piedosa e a rejeição de heresias e divisões. 

As instruções sobre como Tito deve lidar com diferentes grupos na igreja e manter a ordem e a paz são valiosas não apenas para o contexto original, mas também para a igreja contemporânea. 

A carta conclui com uma reafirmação da graça de Deus e o chamado para uma vida de boas obras, vivendo em unidade e amor.

Referências Católicas

  1. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
  2. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
  3. Concílio Vaticano II: Decreto sobre o Ministério e a Vida dos Presbíteros - Presbyterorum Ordinis.

Histoipixuna

Elias Albano de Souza

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